sexta-feira, 23 de maio de 2025

O EXPANSIONISMO DE TRUMP. Selvino Antonio Malfatti.

 

 



Na posse, Trump edita os principais pontos de seu programa de governo[i]. Todas as medidas afetam mais aos estrangeiros que seu próprio país. Ele quer não só a América para os americanos, mas o mundo para os americanos ou domínio do mundo.

De imediato ergue um “muro” que se estende do Golfo do México (da América conforme Trump) ao oceano pacífico como fronteira da América. A justificativa é proteger seu país de “traficantes de drogas e criminosos e estupradores” que corrompem a pureza do sangue de seu país. Abole as antigas alianças abrindo caminho para o expansionismo, tal como o Canal do Panamá, cedido por Jimmy Carter o qual acreditava na equidade nas relações entre as nações. Trump crê apenas no vantajoso e quando uma aliança deixa de ter as razões de quando foi criada pode ser rompida, conforme Maquiavel. Quão longe estamos da Aliança para o Progresso de John F. Kennedy, em 1961!

O apetite de Trump pela expansão do domínio exterior é ilimitado e insaciável. Até mesmo em assuntos estranhos. É o caso do questionamento da soberania no canal do Panamá. Em que pese a promessa de acabar com as guerras nada justifica sua ingerência em estados autônomos como a Groenlândia dinamarquesa que, qual o Panamá, reivindica interesse estratégico. Às vezes assume um ar profético como um Moisés apontando para a Terra Prometida. Para tanto conclama os cristãos, mormente os evangélicos para que votem nele e tudo está resolvido.[ii]

A aproximação de Trump com os bilionários como ele e não com políticos de seu país antevê a inauguração de uma república oligarca econômico-científico-tecnológico. A presença de Elon Musk lhe garante este objetivo. É mais tranquilo aliar-se a donos das redes sociais X e Space X que nada objetam em questões de transgênero que enfrentar os debates na câmara e no Senado. O expansionismo obedece a uma lógica maquiavélica com a ausência de regras ou abolição das existentes abre o caminho para o dono da lei e das regras. Oxalá as demais nações democráticas não sigam seu exemplo. Ficou evidente o móvel de sua política externa: "Não seremos conquistados, não seremos intimidados". Pelo visto nada detém sua tirania de príncipe. Para chegar a seus objetivos vale tudo: armas, taxas, deportações, protecionismo.

Neste contexto entram as tarifas. Estas fazem parte da história econômica dos USA. Desde os Pais Fundadores a questão perpassa os governos americanos. Tanto o secretário de estado (para nós seria Ministro) Thomas Jefferson e seu secretário do tesouro Alexander Hamilton são frutos do iluminismo. Ambos participaram da Revolução Americana, mas são ideologicamente  contrários um do outro. Thomas Jefferson defendeu os interesses agrários do sul, Alexander Hamilton defende os interesses industriais do norte. A tradição Jeffersoniana é pelo laissez faire, livre comércio, governo limitado. Seu oposto Hamilton defende o protecionismo, indústrias domésticas. Trump se encaixa nesta tradição. Para tanto impõe as tarifas afastando os importadores querendo desenvolver a indústria doméstica. Daí seu lema: “amo as tarifas”. O problema foi o estrago que as tarifas causou às economias mundiais e, por tabela, a própria. Agora está voltando atrás não “motu próprio”, mas pela pressão internacional e de seu país.

Os outros itens de seu programa estão em andamento. Deportações em massas, aos milhares, pressão sobre o judiciário para que não proteja os imigrantes, atritos com o Panamá, Dinamarca  e Canadá. Nada de acordos sobre clima e saída da OMS. 



[i]   Emergência nos limites entre Usa e México, deportação em massa e imediata de imigrantes ilegais, fica abolido o “ius soli” da  cidadania americana, o golfo do México passa a denominar-se Golfo da América, saída do acordo do clima de Paris, saída da Organização Mundial da Saúde, fim do incentivo para automóveis elétricos, fim da proibição de perfuração no Alasca, fim dos limites de concessões de licenças para o petróleo e atividade mineral, fim dos investimentos na energia renovável, a administração federal reconhece só dois sexos: masculino e feminino, os cartéis de drogas passam para a categoria do “organizações terroristas estrangeiras”

[ii] E mais uma vez, queridos cristãos, saiam de suas casas e vão votar; só desta vez; você não precisará mais fazer isso. Vocês não precisarão votar novamente no futuro, meus lindos amigos cristãos. Eu te amo, eu sou um cristão, eu te amo; Saia de sua casa e vote. Em quatro anos, você não terá que votar novamente. Teremos organizado tudo, para que você não precise mais votar.

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Leão XIV e o legado de Agostinho. José Mauricio de Carvalho

 



A eleição do cardeal Robert Prevost, Leão XIV, realçou a herança espiritual de Agostinho de Hipona, inspirador da Ordem Religiosa a que ele pertence. Isso porque, em suas primeiras comunicações, o Pontífice revelou elementos da espiritualidade agostiniana. Apresentou-nos, evidentemente, aspectos dessa herança atualizada, porque a problemática do Bispo de Hipona, que viveu entre o quarto e o quinto século, como de todos os pensadores, é sempre datada e responde aos questionamentos de um dado tempo, ainda que contemple elementos universais.

Agostinho de Hipona, foi um pensador que impactou de forma profunda a tradição filosófica. Pelo menos entorno a dois temas importantes que são: a História e o Espírito (intimidade ou subjetividade que no seu tempo não se separava da alma como passaram a fazer os fenomenólogos atualmente). Para ambos os temas deixou contribuições notáveis que enriqueceram a tradição filosófica. O primeiro conteúdo abriu as portas para as filosofias da História de Bossuet, Hegel e dos idealistas em geral e o segundo ofereceu elementos de hidratação à mística cristã e aos estudos da subjetividade, como também fez Descartes. Claro que com a diferença de que a subjetividade agostiniana não se compreende sem Deus, ao contrário de Descartes onde Deus entra como arranjo.

O filósofo formou-se sob dupla influência. Um pai instruído, mas pagão e uma mãe cristã e santa, mas sem formação intelectual maior. Depois de uma juventude onde mergulhou nos prazeres mundanos iniciou um caminho de elevação espiritual que nunca mais parou e o conduziu a líder intelectual dos cristãos e bispo da Igreja. Nesse caminhar Cícero o colocou em contato com a tradição filosófica e, mais tarde, Ambrósio o apresentou a doutrina cristã dos primeiros padres.

Embora sua construção intelectual seja ampla queremos destacar três obras que nos legou: A Cidade de Deus (a mais importante da perspectiva filosófica), As Confissões (que abriu os estudos sobre o mundo interior) e o Tratado sobre a Trindade, onde proclamou a divindade de Jesus e caracterizou o mal como ausência de Deus.

Em Confissões realizou uma autoanálise, descrevendo sua jornada interior até alcançar Deus no fundo da alma, também tratando da morte, da finitude e das dificuldades e erros humanos. Como em Platão, o homem foi considerado simultaneamente anjo e fera. A alma possuía as seguintes faculdades: memória, inteligência e vontade (amor), nessa última ele enxergou a presença de Deus. No livro abordou a vida interior, o encontrar a si mesmo e ficar a sós com seu eu.

Para o filósofo, a alma faz uma jornada de fora para dentro, mas não se fecha em si, ao descobrir Deus ela descobriu o que é maior e que se reflete nela. Se a contemplação do mundo (teoria da iluminação platônica) nos apresenta seres temporais e contingentes, eles abrem o caminho para o Eterno, Imutável, Altíssimo e necessário que lhes serve de base. Como em Platão, as ideias estão na mente divina (Ser absoluto) e dão origem ao mundo (o mundo é reflexo dessas ideias ou modelos exemplares que Deus usou para criá-lo). Embora Deus seja descoberto na interioridade, ele, mesmo visitado, permanece inacessível a todo entendimento, apenas se deixando vislumbrar na alma. O mundo que habitamos foi criado por Ele e por sua vontade e bondade.

Enquanto Platão partia do mundo que chegar às Ideias eternas, Agostinho partiu dos movimentos da alma que alimentam a sensibilidade. É a alma que conhece o mundo, primeiro sensorialmente, depois quando se dobrou sobre si mesma e, finalmente, enquanto percorreu as vias íntimas descobrindo Deus. Com essa jornada, o filósofo não apenas defendeu a divindade de Jesus como superou o materialismo maniqueísta que lhe inspirara na juventude e ganhava força naqueles dias.

O filósofo criou um diálogo entre razão e fé que abriu a problemática medieval, embora nele a pesquisa e o estudo somente fossem bons quando incorporavam a sabedoria vinda de Deus. Porém, o estudo é fundamental porque não se pode amar o que se desconhece. A viabilidade desse mergulho em Deus decorre da marca deixada por Deus na alma de cada homem.  O conhecimento em si não conduz à felicidade ou a satisfação que só vem com a sabedoria. Essa surge no contato com as verdades eternas que ele encontrou nas cartas de Paulo. Sem sabedoria, o conhecimento é incompleto e impuro. O mal decorre da ausência de sabedoria. A origem das criaturas é o Eterno, base de sua cosmologia contra os Maniqueus. O mal em si não existe, ele é a ausência do bem ou da presença de Deus.

Na Cidade de Deus há uma reflexão análoga a cartesiana, que contempla a descoberta do eu, acima de todas as dúvidas. Não há engano na constatação de que sou. Se existo, não me engano a esse respeito, pois ainda que me enganasse sobre tudo continuaria a existir. Por seu próprio exercício, o espírito conhece as coisas, a si mesmo e indiretamente a Deus, presente na criação e sua causa fundamental. Todos os nossos conceitos são insuficientes para falar de Deus, mas nos dizem algo Dele. Na sua antropologia a alma, como o corpo vem dos pais, daí o pecado original ser deles herdado. Parte dessas ideias entra no protestantismo, Lutero era monge agostiniano.

Que lições deixou Agostinho para nossos dias? O propor que o movente maior da vida é amor (em suas várias formas). Quando alguém está em sintonia consigo move-se no amor. Sua luz elimina a sombra e atrai a verdade, como lembrou o Papa Leão XIV. Assim, não basta conhecer a lei (natural e divina) é preciso agir conforme ela, vive-la. É o amor que qualifica e move a alma. Esse é o núcleo do pensamento ético de Agostinho, daí o famoso imperativo ama e faz o quiseres (de acordo com esse movimento da alma para o amor). Agostinho identificou a necessidade da construção da Cidade de Deus, mostrando que o caminho da humanidade é um desafio moral de humanização, uma história com referência moral vivida no Reino de Deus. Por isso é, que o mal não prevalecerá, disse o Papa Leão XIV, porque o processo tem um fiador. Agostinho apontou os desafios maiores do cristianismo, uma história que vence e supera o mal e uma interioridade onde essa batalha também deve ser travada e vencida.

sexta-feira, 9 de maio de 2025

ELEIÇÃO DO PAPA LEÃO XIV. Selvino Antonio Malfatti






1.    Gênese do Papado

O papado surgiu de forma consuetudinária e tradicional na Igreja Católica Romana. Havia uma indicação do próprio mestre Jesus, chamado o Cristo, o Ungido, de Pedro ser O Chefe da Igreja. Não foi a carne que te revelou...por isso digo: Tu, Pedro, será a pedra que construirei minha Igreja. Alguns entendem nesta passagem como indicação direta de Jesus como chefe da Igreja, outros que a frase deve ser interpretada no contexto. O certo (?) é que no Concílio de Jerusalém, 48-50 d.C., Pedro o presidiu.

Durante toda a História de 2000 anos o papa foi figura central da Igreja católica adquirindo um profundo sentido teológico, sendo o papa considerado o 1. Sucessor de Pedro, 2. Líder espiritual, 3. Fator de unidade e comunhão entre os católicos. Sua figura atrai a atenção do mundo todo, haja vista o interesse do mundo inteiro na atual eleição do Sucessor de Francisco.

Para os católicos não é uma pura eleição política, mas possui um significado teológico mais profundo. No papa cada católico vê o Cristo na terra, carregado de autoridade divina como pastor apascentando os fieis de sua grei. Sua presença desperta inúmeras controvérsias e celeumas. Talvez o mais problemático é o mistério do dogma de sua infalibilidade: não erra quando fala como autoridade da Igreja. Este mistério é um dos mais tardios proclamados pela Igreja. Surge no Concílio Vaticano I no documento "Pastor Aeternus" em 1870.

2.    Missão

A missão do papa, além do exposto a cima, é de promover o Evangelho, a justiça e a paz. No papa está expressa visivelmente a unidade da fé cristã. Os fiéis veem nele o guia espiritual carregando o estandarte da Cruz, o próprio Cristo na terra.

3.    Eleição do novo Papa

 

1.    Primeiro dia.

Quarta feira, dia 7. Os cardeais entraram na Capela Sistina e inicia o Conclave. Expectativa para a primeira rodada.

Após uma longa espera de uma multidão de 45.000 pessoas na Praça São Pedro e os fieis de todo mundo, apareceu fumaça preta na primeira rodada eletiva, frustrando a esperança de todos os que acompanhavam. Não foi eleito.

 

1.    Segundo dia.

Após 4 tentativas finalmente fumaça branca saiu da chaminé exatamente às 13 hs e 8 min, sinalizando ao mundo que a Igreja católica tem um novo Papa. É o 267º. Seu nome é Leão XIV.

De nome Robert Prevost, tem 69 anos, dos Estados Unidos, Chicago. É conhecido como Pastor de Duas Pátrias: USA e Peru, nas dioceses de Rujillo e Chiclayo. Conhece a Igreja na América Latina de tal sorte que pode ser considerado um latino-americano.  

No Vaticano ocupava o cargo de prefeito de Dicastério, um departamento do vaticano para bispos. Foi elevado ao Cardinalato por Francisco em 2023 para uma diocese de Roma.

 

2.    Orientação religiosa.

Na reunião preliminar dos Cardeais, antes do Conclave, Ficou estabelecido o perfil do novo papa: deveria alguém que daria continuidade a Francisco I. Este se caracterizou em proteger os marginalizados, excluídos, os “lixos” da sociedade, como os separados, divorciados, gays e lesbicas e outros. O novo papa escolheu o nome de Leão XIV. O nome sempre indica um ideal em mente de quem põe ou escolhe. Seu patrono o papa Leão XIII, protegeu os trabalhadores terrivelmente explorados na época. Através da Encíclica Rerum Novaram reivindica para os trabalhadores salários justos, proteção,  sindicatos, férias, aposentadoria. Se Leão XIV escolheu o nome de Leão é porque deverá seguir a linha de seu patrono: defender os mais também fracos, através de garantias mais justas.

 

 

sexta-feira, 2 de maio de 2025

INSTITUIÇÃO POLÍTICO-RELIGIOSA DO PAPADO[i]. Selvino Antonio Malfatti

 



A partir de 7 de maio haverá em Roma, capital do Vaticano, um Conclave com o objetivo de eleger um Papa. Como se originou e se formou o Papado? É a Instituição político-religiosa mais longa do ocidente. Vejamos alguns momentos significativos.

1.    Judaismo

O cristianismo se originou dentro dentro de uma teocracia político-religiosa, o judaismo. Após o exílio, os judeus perambularam como um povo pária, isto é, o único vínculo era o Deus comum, Javé. Com a elaboração de uma lei sacerdotal, levada adiante pelos levitas, juntamente com a pregação dos profetas, abriu espaço para um caráter prático e ético, expurgando as crenças de magias que grassavam no meio do povo.

2.    Cristianismo

Iniciou como uma doutrina de artesãos jornaleiros itinerantes, tendo por líder Jesus que se apresentou como Filho de Deus. Permaneceu sempre como uma religião urbana e cívica. Em todos os períodos manteve este caráter: antiguidade, Idade Média e Época moderna. 

3.    Expansão cristã

Após a reunião dos apóstolos e mais algumas pessoas em Pentecostes, os apóstolos cada um individualmente começou a pregar uma nova religião dentro do judaismo. O confronto era inevitável, pois no seio de uma comunidade religiosa teocrática se pregava algo diverso e literalmente contrário à religião dominante.  A consequência foram  perseguições, prisões e mesmo mortes.

O cristianismo inicial não tinha propriamente um chefe, um líder que centralizasse as ações. Cada apóstolo agia, pregava e escrevia por conta própria. Poder-se-ia dizer que cada apóstolo formava sua igreja, eclesia. E com as perseguições na Judeia obrigaram-se sair procurando outros lugares para pregar. Os primeiros lugares foi o mundo grego principalmente as colônias da Ásia Menor[ii]. Surgem então as igrejas de Colossos, Cartago, Fílipos, Samos,Tessalônica como provam as cartas dos apóstolos e mais tarde estendem a pregação em  Roma. Os apóstolos por aonde iam fundavam comunidades religiosas sob suas lideranças. Não havia uma autoridade centralizada. Cada apóstolo era a autoridade suprema dentro de sua igreja. Mal comparando cada comunidade era uma mini cidade-estado da época.

4.    Papado

O Papado como autoridade centralizada do cristianismo levou tempo, séculos, para ser instituída, não sem confrontos.  Neste período o «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; e o poder da Morte não prevalecerá sobre ele” somente tardiamente foi instituída. O termo “pappa” (pai) era uma designação afetuosa ao chefe da comunidade. Cada apóstolo, e seus sucessores bispos, era um ”pappa”, como por exemplo, os bispos de Cartago e Alexandria. Só gradualmente este título tornou-se exclusivo ao bispo de Roma.

Até o século IV os cristãos viveram ilegalmente na clandestinidade escondendo-se nas catacumbas para seu culto, como em Roma. E as seitas cristãs eram dezenas dentro da própria Roma. Uma delas, a “católica”, era a mais poderosa. O Imperador de Roma percebeu que os cristãos eram maioria, por isso converteu-se ao cristianismo e elevou o cristianismo como religião oficial, em 313. O bispo dda igreja católica de Roma, Clemente, já chamado de “pappa”, e tornou-se teoricamente  chefe também de toda cristandade, não com consenso, mas com contínuos conflitos entre as igrejas, mormente do oriente contra o ocidente, e culminou com o Cisma do no Ano 1000. Desse conflito resultaram duas Igrejas: a ortodoxa do Oriente e Católica do Ocidente, a primeira com o Patriarca, com sede em Constantinopla e a segunda o Papa com sede em Roma. Internamente as maiores discordâncias ocorreram com a Reforma de Lutero, que auto se excluiu da autoridade do Papado e a Igreja Anglicana como arcebispo de Cantuária como chefe da Igreja da Inglaterra.

1.    Escolha dos sucessores de Pedro.

Segundo a tradição católica o apóstolo Pedro (Simão) foi o primeiro papa escolhido diretamente por Jesus: “"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Após Pedro a sucessão papal, não envolveu escolhas diretas, mas seguiu procedimentos institucionais e não institucionais.

1.    Período Antigo (séculos I–IV):

Nos primeiros séculos, os bispos de Roma (título equivalente ao papa) eram geralmente escolhidos pelo clero local e com participação da comunidade cristã de Roma. A escolha nem sempre era pacífica, houve conflitos e até mesmo papas simultâneos em alguns períodos. A nomeação envolvia consenso entre os presbíteros e diáconos da cidade.

1.     Idade Média (séculos V–XV)

A partir do século V, aumentou a influência política. Imperadores romanos, e depois do Sacro Império Romano-Germânico, passaram a influir na escolha e confirmação do papa. Já a instituição do Conclave foi estabelecida de forma permanente em 1274 no Concílio de Lyon, padronizando o processo de sucessão por cardeais reunidos em votação secreta.

2.    Idade Moderna e atual

Os papas são eleitos por um colégio de cardeais com menos de 80 anos reunidos em Conclave (fechados à chave), no estado do Vaticano. Requer uma maioria qualificada de dois terços de votantes

Após a eleição, o novo papa pode aceitar ou recusar, e ao aceitar, escolhe um nome papal. 




[i] Falo de instituição política porque o Vaticano, sede do Papa, é um Estado igual a todos os estados. E religiosa porque é a autoridade suprema da Religião Católica. As opiniões aqui expressas são as que considero verdadeiras, mas respeito outras.

[2] Pessoalmente sou testemunha ocular destes marcos cristãos da Ásia Menor. Em toda parte se encontram cruzes,  logotipo do peixe e outras símbolos cristãos,  nas praças, ruas, templos pagãos.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

O FENÔMENO TOTALITÁRIO. Selvino Antonio Malfatti.

 


O FENÔMENO TOTALITÁRIO. Selvino Antonio Malfatti.

Há um sonho subjacente no inconsciente da humanidade que a arrasta para o abismo do global. Aspira por uma entidade, pessoa física ou abstrata que seja sábio, providente e previdente para trazer paz e felicidade. É algo que provê tudo e da melhor forma possível. O sonho de uma felicidade total sem esforço. Um entregar-se ao todo e ser infinitamente feliz. Não sentir nenhum sofrimento apenas quietude e paz.

Este fascínio atrai a humanidade para o todo. O fenômeno do totalitarismo foi genialmente estudado por Roque Spencer de Barros, no Fenômeno Totalitário[i]. Ele caracteriza o fenômeno pela ambiguidade entre o desejo de singularidade e o fascínio da totalidade. O ser quer ser único, livre, singular, mas sente-se atraído pela despersonalização em favor do todo. Poderia se imaginar o dispersivo de Heráclito e o Uno de Parmênides. O Fenômeno Totalitário como aspiração aparece, desaparece e ressurge novamente na trajetória da Humanidade, nas mais variadas formas.

No fenômeno totalitário uma dimensão do homem absorve as demais. A reflexão ocorreu na Idade Antiga com a Religião, que abarcou todos os setores como o judaísmo e zoroastrismo. Mainfestou-se em todas as grandes civilizações como a hindu no oriente com Nirvana. No ocidente pode-se dizer que é inaugurada solenemente aparição do fenômeno totalitário na República de Platão, na Antiguidade. Nela o autor descreve uma sociedade ideal governada por sábios que provém a felicidade, paz e justiça para todos.

Na Idade Média ressurge o fenômeno com Santo Agostinho. Na Cidade de Deus existe a verdadeira felicidade pelas leis cristãs. Na cidade dos homens, pagã reina a desgraça, injustiça e infelicidade. As sábias leis divinas trarão a verdadeira felicidade humana.

O anseio por uma ordem totalitária, segundo o filósofo Roque Spencer de Barro, faz parte da própria ambiguidade, que a seu ver, é constitutiva da natureza do ente humano. Esse ente habita entre a singularidade e a totalidade. No âmbito da singularidade, em sua consciência, ele, e aqui está o aspecto trágico, depara-se com o grande desafio da responsabilidade pessoal e da incumbência de dar um sentido à sua vida e, diante de tantos revezes, pode encontrar-se desamparado. Essa pessoa, instância ética singular, pode ver, no horizonte, a solução de refugiar-se em uma totalidade, na dissolução de sua individualidade em uma ordem coletiva na qual o domínio da responsabilidade pessoal ceda lugar ao domínio do igual, de uma total transparência, da vivência e das decisões coletivas. O sonho totalitário mostra-se, portanto, como a válvula de escape para o pesadelo cotidiano do encontrar-se. É como alguém que está prestes a desmaiar. De repente não sente mais seu próprio corpo nem pensa, é levado para repouso. Não quer voltar à consciência de si, mas permanecer no êxtase.

O fenômeno totalitário, que se origina da exclusão e domínio de uma das dimensões do ser humano como a religião, política, ideologia, tem um alicerce filosófico que lhe dá suporte. Para superá-la necessita de outra filosofia. O totalitarismo político, por exemplo, para ser superado deverá buscar outro suporte filosófico.  No caso a alternativa é a democracia. O totalitarismo racial deverá ser substituído pelo pluralismo. 

Em que pese o Brasil nunca ter sofrido um totalitarismo genuíno nos moldes da Alemanha de Hitler, Itália de Mussolini, Rússia de Stalin, Iugoslávia de Tito e assim por diante. Tivemos regimes ditatoriais muito intensos como Getúlio, oclocracia parlamentar como D. Pedro II, juristocracia sufocante como atual prática da Suprema Corte. Nunca, porém, conhecemos um totalitarismo, da perda da consciência.

O totalitarismo é uma doença de risco mortal. Precisa de medicação adequada e não tratamento paliativo. Não basta eliminar a dor, mas tratar o foco infeccioso. Enquanto o totalitarismo estiver imanente no ser, um ícone na memória, que pode a qualquer momento ser ativado e metastizar todo corpo social: política, religião, cultura, sociedade, enfim as instituições.


[i] Nasceu em São Paulo, Bariri em 1927 e falece em São Paulo, 1999. Foi historiador, filósofo, educador. Ideologicamente posicionou-se como liberal, refletindo seu pensamento na produção intelectual.

 

sexta-feira, 18 de abril de 2025

Por que Jesus foi Morto? Gian Guido Vecchi

  



Em abril do ano 30, em Jerusalém, Yehoshua ben Yosef - Jesus de Nazaré - foi julgado e morto: mas de que ele foi considerado culpado? Quem foi Pôncio Pilatos? E por que a cruz foi escolhida?

CIDADE DO VATICANO - Jerusalém, 30 de abril da manhã. O procurador romano Pôncio Pilatos não teve uma grande carreira, se se viu governando uma região, a Judéia, nas fronteiras do Império então liderado por Tibério. Não exatamente hic sunt leones, mas quase. A cena provavelmente se passa no Palácio de Herodes, o Grande, na colina ocidental, perto do atual Portão de Jaffa.

 

Diante do «pretório», para que o procurador o julgasse, arrastaram da Galileia um pregador judeu de trinta anos, um rabino de Nazaré, talvez um rebelde, sabeis. Um certo Yehoshua ben Yosef, na forma abreviada Yeshùa. Outra frase, uma de muitas.

Pilatos, no cargo há quatro anos, não entende que as pessoas que ele despreza retribuíram. E ele não pode imaginar que a partir desse dia sua escolha e seu nome estarão ligados ao processo judicial mais famoso e sensacional da história da humanidade, para empalidecer até mesmo Sócrates.

Um julgamento que termina em poucas horas com a sentença de morte, na forma mais cruel e infame: a crucificação. Mas o que Jesus fez por seus acusadores? Quais são as acusações? Do que ele é considerado culpado?

Fontes históricas

Dois mil anos de análise, milhares de livros e interpretações muitas vezes nefastas. A Igreja Católica tem suas responsabilidades, e elas são enormes. Até o Concílio Vaticano II, o povo judeu foi obrigado a enfrentar a acusação sem sentido de "deicídio", a matriz do antijudaísmo que provocou séculos de perseguição e pogroms.

Como prefacia o Cardeal Gianfranco Ravasi em seu livro Biografia de Jesus, é bom antes de tudo citar a declaração conciliar Nostra Aetate de 28 de outubro de 1965, que finalmente marcou a virada da Igreja: "Se as autoridades judaicas com seus seguidores trabalharam pela morte de Cristo, no entanto, o que foi cometido durante sua paixão não pode ser imputado indiscriminadamente a todos os judeus então vivos ou aos judeus de nosso tempo". Uma acusação sem sentido, também porque neste caso são todos judeus: Jesus como seus acusadores, aqueles que gritam "crucifica-o!" como Maria, os discípulos, os evangelistas (só sobre Lucas há alguma dúvida, a tradição fala de origens pagãs, mas é considerado mais provável que ele fosse um judeu helenístico de Antioquia), a comunidade cristã primitiva. Além de Pilatos: quem era o único, como promotor romano, que poderia decidir sobre a pena de morte.

E então a reconstrução histórica não é fácil. O processo é atestado nas Antiguidades dos Judeus (XVIII) pelo historiador judeu Josefo, que em uma passagem cita Jesus e escreve: "Depois que Pilatos, sob a acusação dos maiores líderes de nosso povo, o condenou à cruz, aqueles que o amaram desde o início não falharam. " Até mesmo o historiador romano Tácito, nos Anais (XV), escreve sobre os "tormentos atrozes" infligidos por Nero aos cristãos e explica que estes "tomaram o nome de Cristo, condenado à morte pelo procurador Pôncio Pilatos sob o império de Tibério".

De resto, as únicas fontes são os quatro Evangelhos, que, no entanto, não foram escritos com intenção histórica, lêem os acontecimentos à luz da fé na ressurreição de Jesus e são dirigidos a comunidades particulares (Marcos a um ambiente de origens pagãs, Mateus aos judaico-cristãos da diáspora helenística, Lucas ao mundo greco-romano, João ao grego) que muitas vezes têm relações difíceis e polêmicas com o ambiente judaico do qual se separaram.

Um exemplo disso é a relativa indulgência com que Pilatos é descrito. Filo de Alexandria, um grande filósofo judeu da época, oferece um retrato um pouco diferente dele em De Legatione ad Caium: "Um homem por natureza inflexível e, além de sua arrogância, duro, capaz apenas de suborno, violência, roubo, brutalidade, tortura, execuções sem julgamento e crueldade assustadora e ilimitada".

Josefo, novamente nas Antiguidades dos Judeus, relata os massacres do povo ordenados por Pilatos a seus soldados.

 

A acusação e o primeiro julgamento

No entanto, no relato dos evangelistas existem dois processos. O primeiro é celebrado em frente ao Sinédrio, palavra grega que significa assembleia. Em Atenas, era o colégio composto por um magistrado e seus assessores. Na Jerusalém da época, era o órgão político-religioso responsável pela administração judaica, relativamente autônomo, reconhecido, mas dependente da autoridade do poder romano ocupante. Consistia em setenta membros mais o sumo sacerdote presidente. Três classes estavam representadas: os sacerdotes, os anciãos que pertenciam a uma espécie de aristocracia secular e fundiária e, como nos sacerdotes, eram saduceus, de orientação conservadora; e, finalmente, os escribas, os estudiosos fariseus, mais abertos e progressistas, apesar da representação que os Evangelhos fazem deles.

Na noite da traição de Judas, Jesus havia sido preso na fazenda chamada Getsêmani, um "lagar de azeite", por uma "turba com espadas e paus" enviada pelas autoridades do Sinédrio. Ele é levado perante o ex-sumo sacerdote Anás e depois por seu genro Caifás, sumo sacerdote no cargo e, portanto, chefe do Sinédrio. É na casa de Caifás que ocorre a primeira assembléia. Os quatro Evangelhos variam na história, mas a substância não muda. No início, acusam-no de ter dito «destrói este templo e em três dias o levantarei», uma frase a que Jesus se tinha referido também a si mesmo e «ao templo do seu corpo», observa João. Mas o momento decisivo é quando Caifás lhe pergunta: "Você é o Cristo, o Filho do Bendito?" O Evangelho mais antigo, o de Marcos, que se acredita ter sido escrito antes da destruição do Templo em 70 dC, relata a resposta do réu: "Eu sou. E vereis o Filho do Homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu." É nesse ponto que o sumo sacerdote rasga suas vestes e exclama: "Que necessidade temos de outras testemunhas? Você ouviu a blasfêmia; O que você acha?" E a assembléia do Sinédrio responde: "Ele é culpado de morte!"

A reação de Caifás não é histérica, o rasgar de suas roupas é um gesto ritual diante da ignomínia. Mas o que Jesus disse que era tão sério? Respondeu que era o Messias esperado por Israel (Mashiah, «ungido» com o óleo sagrado e, portanto, consagrado: em grego Christós, Cristo) e, o que é pior aos olhos do Sinédrio, fê-lo citando um trecho do profeta Daniel (7) que apresenta no «Filho do Homem» uma figura que não é só terrena, mas participa misteriosamente na natureza divina. Mas há mais. O texto original grego de Marcos relata como resposta de Jesus "egò eimi", que geralmente é traduzido como "eu sou", mas significa literalmente "eu sou": a mesma resposta de Deus quando Moisés pergunta seu nome, dirigindo-se à sarça ardente no Monte Horebe, o tetragrama YHWH (Jod, He, Waw, He) que os judeus não pronunciam. "O Evangelho flui em seu autotestemunho, que resolve todos os mistérios e será a causa de sua condenação", escreve o grande estudioso bíblico jesuíta Silvano Fausti em seu comentário sobre Marcos: "Jesus será condenado não pelo testemunho de outros, mas por esta revelação sua".

Joseph Ratzinger-Bento XVI também observa isso em seu Jesus de Nazaré: "Êxodo 3:14 não ressoa em você?" Realmente. Para o Sinédrio, há o suficiente, mas a assembléia não tem o poder de emitir sentenças. Então Jesus é levado a Pilatos.

O segundo julgamento e Pôncio Pilatos

Do Sinédrio ao pretório, o lugar do julgamento. No Evangelho de Lucas, diz-se que Pilatos, desconfiado, tentou em vão descarregar o julgamento sobre Herodes, procurador da Galiléia, que mandou o acusado de volta. De qualquer forma, para obter a condenação, os representantes da assembléia apresentaram ao procurador romano da Judéia uma acusação mais política: "Encontramos este homem agitando nosso povo, impedindo-nos de pagar tributo a César e alegando ser Cristo, o Rei". Seria a motivação final para a condenação, que foi afixada no braço vertical da cruz como advertência a quem quisesse se rebelar contra o poder romano: "O Rei dos Judeus", a sigla INRI que na língua latina do império é encontrada em inúmeras pinturas e esculturas: "Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum".

A versão de Marco é a mais seca. Pilatos pergunta: "Você é o rei dos judeus?" Jesus responde: «Tu o dizes». Pilatos insiste, Jesus não responde mais nada. Mas em Jerusalém são os dias da Páscoa, para a festa o promotor "libertava um prisioneiro" e naquele momento há também um certo Barrabás, "ele estava na prisão junto com os rebeldes que haviam cometido um assassinato no tumulto", enfim, um verdadeiro revolucionário político, provavelmente um fanático. A cena é famosa: Pilatos se dirige à multidão: "Quereis que o rei dos judeus vos liberte?", mas a multidão "incitada pelos sumos sacerdotes" invoca Barrabás. E pergunta-se a Pilatos o que fazer com Jesus, «que mal fez ele?», a multidão responde: «Crucifica-o!»

"Crucifica-o!"

E aqui há um problema grave: quem invoca Barrabás e pede a crucificação de Jesus? Marcos, o texto mais antigo, fala de "óchlos", em grego a "multidão" ou "massa", na verdade, um grupo de pessoas provavelmente formado por partidários de Barrabás. É o único Evangelho de Mateus que fala de "laós", que significa "povo" ou "nação". Todos os principais estudiosos bíblicos e teólogos concordam: é um exagero de Mateus. De fato, "uma amplificação fatal em suas consequências", observa Joseph Ratzinger, que em seu Jesus de Nazaré esclarece: "Mateus certamente não expressa um fato histórico: como todas as pessoas puderam estar presentes em tal momento para pedir a morte de Jesus? A realidade histórica certamente aparece corretamente em João e Marcos.

Se Marcos fala da multidão, João indica os "judeus" no sentido da "aristocracia do templo", Bento XVI é definitivo: "O verdadeiro grupo de acusadores são os círculos contemporâneos do templo e, no contexto da anistia pascal, a eles está associada a 'massa' de partidários de Barrabás". Historicamente, permanece a tendência dos primeiros cristãos "de mitigar as responsabilidades de Pilatos e marcar as dos judeus", como observa Ravasi. Matteo acima de tudo, o mais polêmico com seus compatriotas, que relata a cena do promotor lavando as mãos e dizendo: "Eu não sou responsável por esse sangue, você vê por si mesmo!" E acrescenta também aqui só ele entre os evangelistas a resposta do «povo», ao qual chega a dizer: «Que o seu sangue caia sobre nós e sobre os nossos filhos».

Acima de tudo, permanece o fato de que a responsabilidade pela sentença de morte recai sobre o procurador romano, escreve Marcos: "Pilatos, querendo dar satisfação à multidão, libertou-lhes Barrabás e, depois de ter açoitado Jesus, entregou-o para ser crucificado".

A execução na cruz

Jesus é entregue à guarnição romana para ser açoitado. É a história da Paixão que em grande parte do mundo, na Sexta-feira Santa, marca a Via Sacra. Os romanos usavam um flagrum com grandes cordas com pedaços de osso e metal. A zombaria, a tortura. No caminho para o Gólgota, os soldados param um certo Simão de Cirene para carregar o patíbulo, o eixo transversal da cruz. O vertical já está plantado no local da execução. O condenado é pendurado na cruz, pregado pelos pulsos. A palavra grega agonía significa luta, para um crucificado é longa e dolorosa. No final, um soldado entrega a Jesus moribundo uma esponja embebida em "vinagre", na realidade um vinho misturado com água que soldados e ceifeiros usavam para matar a sede: o que popularmente parece ser o último gesto de zombaria poderia ser um gesto extremo de misericórdia. "Tetélestai", é a última palavra de Jesus relatada por João: "'Está consumado', disse ele. E, inclinando a cabeça, ele expirou. (Perché Gesù venne ucciso? La vera storia del (doppio) processo, e della morte in croceCorriere della Sera: trad. livre )

 


quinta-feira, 17 de abril de 2025

A Última Ceia. Selvino Antonio Malfatti

 


                                         (S.Tomás-Canta Lingua)

                            Na noite da Última Ceia,

                           reunido aos seus escolhidos,

                           Cumprindo toda a Lei,

                           conforme o que foi prescrito,

                           deu-se, por suas próprias mãos,

                           como alimento para todos eles.

                          ( https://youtu.be/gP74xtmFOMk)


Foram, pois, e acharam tudo como Jesus lhes dissera; e prepararam a Páscoa.

Chegada que foi a hora, Jesus pôs-se à mesa, e com ele os apóstolos.

Disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de sofrer.

Pois vos digo: não tornarei a comê-la, até que ela se cumpra no Reino de Deus.

Pegando o cálice, deu graças e disse: Tomai este cálice e distribuí-o entre vós.

Pois vos digo: já não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o Reino de Deus.

Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.

Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós...

 


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